sexta-feira, 25 de maio de 2018

Dois de mim

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Da janela do consultório
Vejo os prédios do Recife
Tudo simétrico e ilusório
Como eu na superfície


Mas há duas pessoas em mim 
Vivendo em aberta discórdia
Uma sempre dizendo sim
Quando a outra não concorda



A máscara para os outros
Sentinela da boa aparência
Vive na razão e na ciência
Encobrindo o seu oposto



No profundo, o obscuro
Que ninguém entenderia
Não encontra o que procuro
A paz que me salvaria



Esse outro dentro de mim
Crê ver o que se esconde
Entendendo-se um serafim
Nem lhe posso dar um nome



Por ele vejo um mundo
Que só existe na imaginação
Mas o outro o faz de mudo
E guardo o segredo então



Com esquisita propedêutica
Ensina mistérios inexistentes
Mas o lógico tem em mente 
O poder da farmacêutica



Uma dose, uma trégua
Para o embate uma parada
Levo a vida por essa regra
Com a alma fragmentada

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Poema