domingo, 30 de setembro de 2018

As sem-razões do amor.

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As sem-razões do amor

Carlos Drummond de Andrade

Eu te amo porque te amo

Não precisas ser amante
E nem sempre sabes sê-lo
Eu te amo porque te amo
Amor é estado de graça
E com amor não se paga


Amor é dado de graça
É semeado no vento
Na cachoeira, no eclipse
Amor foge a dicionários
E a regulamentos vários



Eu te amo porque não amo
Bastante ou demais a mim
Porque amor não se troca
Não se conjuga nem se ama
Porque amor é amor a nada
Feliz e forte em si mesmo



Amor é primo da morte
E da morte vencedor
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor.

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Poema